Celebre o Orgulho: 7 livros protagonizados e escritos por autores LGBT+

O primeiro livro da lista é também uma das obras que mais marcaram Martins na juventude. “Me impactou profundamente, diria que foi um dos livros que me inspirou a me tornar um escritor”, revela. 

Antes, o mais comum para Martins era imaginar uma sexualidade diferente para seus personagens favoritos, mas depois de Dois Garotos se Beijando isso mudou. “Foi publicado meio do nada aqui no Brasil. Virou uma chavinha na minha cabeça”.

Inspirado em uma história real, narra a história de dois garotos que aceitam o desafio de permanecer 32h em um beijo, para entrar no Livro dos Recordes após um amigo ser vítima de homofobia. David Levithan também é autor de Will e Will, Um Nome, Um Destino, escrito em parceria com John Green, e Garoto Encontra Garoto, dois outros títulos bem famosos.

“Lindo, profundamente sensível e bem escrito”, resume Martins. Em alta, A Palavra que Resta traz um protagonista de 71 anos relembrando um amor da juventude. Ele ou 50 anos guardando uma carta de amor, mas só agora está aprendendo a ler para finalmente desvendar seu conteúdo.

“Uma história não só sobre sexualidade, mas sobre a luta de um homem para compreender o mundo e se enxergar como parte dele. Em menos de 200 páginas, o livro te vira do avesso e muda consideravelmente seu jeito de enxergar a vida”, afirma.

O livro venceu o National Book Award nos Estados Unidos pela tradução de Bruna Dantas Lobato para a versão americana da obra. Por aqui, foi indicado ao Prêmio Jabuti em 2021.

E os desafios de um homem gay acima dos 40 anos? Diga que Não me Conhece tem um protagonista de meia-idade que enfrenta dilemas pós término de um namoro. “Nem tudo são histórias de amor. Às vezes, gays têm que empinar moto também”, brinca Martins.

“Um fluxo de pensamento caótico e insano que dá uma pancada no leitor a cada página. Esse aqui é para as gays intensas e fala sobre as marcas de um relacionamento recém terminado de forma muito visceral”, indica.

A obra foi adaptada para o teatro recentemente e já ou pelos palcos do Teatro UOL e do Teatro Itália, com boa recepção de público.

Para quem prefere narrativas curtas, tem Condições Ideais de Navegação para Iniciantes. “Um livro de contos tão bem escrito e bem amarrado que não dá vontade de parar e ler”, adianta.

“Assim como as outras obras da Natália, o ‘Condições’ fala muito sobre humanos reais lidando com dores e amores corriqueiros, mas com um ponto de vista único e muito lindo”, comenta.

E qual o conto favorito de Martins dentre os 11 deste livro? “O conto ‘Tatuilha’, em específico, eu gostaria de tatuar no meu cérebro!!!”, afirma.

Chamado de “o filho de Baldwin” (autor de O Quarto de Giovanni e Se a Rua Beale Falasse) no meio literário, Robert Jones, Jr. estreia em grande estilo com Os Profetas. A história acontece no cenário escravista estadunidense do século 19, mas não se restringe a ele e inclui dilemas que vão da sexualidade à religião.

“Livrão! História linda sobre ancestralidade negra que acompanha dois jovens escravizados e apaixonados buscando um no outro as forças para continuar”, diz Martins.

“a longe de ser o tipo de livro que usa o sofrimento de pessoas negras para emocionar o leitor. Em vez disso, ‘Os Profetas’ fala tanto sobre futuro quanto sobre ado”, defende.

Já conhecia todos os títulos da lista? Todo Mundo Aqui Vai Morrer um Dia é novidade no Brasil. O livro de estreia da canadense Emily Austin foi lançado há um mês, no começo de maio de 2025.

“Uma das minhas leituras mais recentes. Fiquei obcecado!”, conta Martins. A história é bem peculiar: segue uma “lésbica ateia indo trabalhar por engano como secretária numa igreja católica”, relata.

É o tipo de livro que equilibra humor e pensamentos mais profundos. “Apesar da trama caótica, o livro vai fundo em reflexões sobre a vida e para quem pensa muito na morte é um prato cheio!”, argumenta.

O Estadão Recomenda selecionou o romance de estreia de Vitor Martins para fechar a presente lista. A obra está prestes a chegar aos cinemas, com os atores Miguel Lallo, Diego Lira e Débora Falabella dando vida aos personagens principais – Felipe, Caio e Rita (a mãe de Felipe), respectivamente.

Quinze Dias tem um lugar especial no coração do escritor. “Apesar de ter um casal de protagonistas gays, é um pouco mais que isso. Fala muito sobre insegurança com o corpo, bullying, sobre a maneira como a gente é percebido e as mentiras que a gente escuta a vida inteira e acaba acreditando como verdades”, diz.

Lançado em 2017, a obra segue atraindo fãs até hoje. “Já ouvi tantas histórias, de pessoas tão diferentes que leram e se identificaram com partes diferentes do livro. Às vezes com o protagonista por questões com o corpo, às vezes com o Caio, com a Rita…”, pontua. “É muito legal ver como pessoas diferentes pegam pedacinhos distintos do livro e se apegam a ele”.