Edifier WH950NB: fone por menos de R$ 1 mil vale a pena?

Numa comparação direta, o WH950NB pode ser entendido como um “irmão mais velho” do WH820NB (aqui no Recomenda tem uma review completa sobre ele). Apesar de o design ser muito parecido, a construção é bem mais robusta no caso do modelo : o arco do fone de ouvido tem o interior de metal, o que garante mais durabilidade, e o tecido das espumas das conchas e do descanso do arco é mais macio e confortável.

Já as conchas são dobráveis para facilitar o transporte. Apesar de a maior parte do fone ser de plástico, há um acabamento que dá mais brilho ao produto, aumentando a sensação de estar usando um fone .

O WH950NB vem com poucos, mas bons, órios: um case rígido que oferece proteção suficiente para o transporte em bolsas e mochilas e resiste a quedas moderadas, cabo USB para carregamento que poderia ser mais longo, cabo de áudio (sim, você pode usá-lo como um fone de ouvido convencional) e adaptador para aviões, que hoje em dia não é mais tão necessário, mas pode salvar em algumas ocasiões.

Mesmo nos produtos mais em conta, um dos diferenciais da Edifier são os fones com certificação Hi-Res Audio e Hi-Res Audio Wireless, de alta definição. Para aproveitar todo potencial do áudio em alta resolução, a origem das músicas precisa estar em algum formato lossless, ou seja, sem compressão — streamings como Amazon Music Unlimited e Apple Music oferecem áudio nessa qualidade. Mas, mesmo que você use serviços que não ofereçam áudio em alta resolução (Spotify, é com você, mesmo), a qualidade do som do WH950NB é perceptível.

Os graves são o destaque do WH950NB — não é uma surpresa, já que a maioria dos fones de ouvido com apelo mais comercial favorece justamente as batidas. Os sons baixos são detalhados e não encobrem o restante da música. Um exemplo: gravada há mais de 20 anos e redescoberta com o longa Saltburn, de 2023, Murder on the Dancefloor, de Sophie Ellis-Bextor fica ainda mais vibrante e envolvente, graças à boa separação de instrumentos em que é possível curtir tanto a batida quanto detalhes do solo de guitarra.

Os médios são muito bons, revelando, por exemplo, detalhes de guitarras e violões em canções como Ramble On, do segundo álbum de estúdio do Led Zeppelin. Os agudos são nítidos sem “gritar”, tampouco incomodam em agens mais estridentes, com pratos de bateria e saxofone, como na clássica faixa Diminuendo and Crescendo in Blue, de Duke Ellington, gravada no festival de Newport de 1956.

Em linhas gerais, é um fone gostoso e envolvente para quem gosta de estilos como pop, hip-hop, funk, R&B e dance music. Pelo aplicativo da Edifier, é possível escolher dois modos de equalização: clássico e dinâmico. Independentemente do modo, os graves predominam, o que o torna menos indicado para quem gosta de rock, heavy metal. Mas há um truque para essas situações.

Um destaque do WH950NB (que também é visto em outros fones topo de linha) é que ele pode ser usado desligado e com um cabo, como um fone de ouvido tradicional. Além de ser útil nos casos em que se quer economizar bateria, o modo cabeado tem uma outra sonoridade, mais neutra. E, nessas situações, ele funciona bem em estilos em que os graves não são tão desejáveis.

O cancelamento de ruído ativo (ANC) no WH950NB é obtido através de quatro microfones embutidos, que também ajudam a melhorar a qualidade das chamadas de voz. Pelo aplicativo da Edifier, é possível controlar a intensidade do ANC, com configurações que permitem ouvir o som ambiente ou ruído do vento. A fabricante não informa quantos decibéis são reduzidos ao ativar o cancelamento de ruído, mas durante a avaliação o recurso foi bastante eficiente e, no modo mais intenso, ele corta praticamente todo o som ambiente.

Se tem uma coisa que você não vai precisar se preocupar com esse modelo é a duração da bateria. Com o cancelamento de ruído ligado no máximo, a Edifier promete duração de 34 horas. Claro, o consumo de energia pode variar de acordo outros fatores, como o volume de reprodução. Durante a avaliação, no entanto, usei o fone por uma semana inteira sem precisar recarregar o fone. Desligando o cancelamento de ruído, a duração da bateria pode chegar a 55 horas, mais do que suficiente para as mais longas viagens.

O modelo tem Bluetooth 5.3, que ajuda a manter o consumo de energia baixo. A conexão com o celular ou computadores se mostrou bastante estável quando os equipamentos estão próximos, mas tive alguns problemas com distâncias maiores que cinco metros — a conexão deu uma falhada rápida e voltou logo que me reaproximei do notebook. Não tive esse problema, por exemplo, com o Neobuds Pro 2, também da Edifier.

As conchas do fone são revestidas com um couro sintético bem macio, que envolvem completamente as orelhas, enquanto o arco mantém o fone no lugar sem fazer muita pressão. Por outro lado, depois de mais ou menos uma hora de uso o fone aquece os ouvidos, sensação que incomoda mais nos dias em que a temperatura está mais alta.

Além disso, o WH950NB não conta com proteção IPX e fica desprotegido ao suor. Ou seja, ele é ótimo para usar em casa, no ônibus ou no metrô, mas não é o melhor fone para usar na academia. De vez em quando pode quebrar um galho, mas se a sua intenção é treinar, melhor procurar outro modelo.

Em relação ao uso, o produto da Edifier não conta com recursos mais modernos, como conchas sensíveis ao toque. O controle é feito basicamente por três botões: um para ligar o fone e pausar músicas, outro para aumentar o volume e ar para a próxima canção e um terceiro para diminuir o volume e retroceder faixas. Há ainda mais um botão para controlar a intensidade do cancelamento de ruído. Nada luxuoso, mas bastante eficiente.

Se por um lado o WH950NB tem menos recursos que os concorrentes da mesma categoria — que oferecem mais opções de equalização no app ou controles touch, por exemplo — ele se concentra no mais importante: som com muita qualidade e cancelamento de ruído bastante. Por menos de $ 1.000, porém, é um dos headphones sem fio com o melhor custo-benefício à venda no Brasil e os (poucos) pontos fracos podem ser relevados numa boa.